sexta-feira, 20 de maio de 2011

Agricultura de Baixo carbono no Maranhão


Baixo carbono

A divisão da área produtiva das fazendas em estações e o sistema de revezamento das atividades de pecuária, lavoura e florestas produtivas, também conhecida como agricultura de baixo carbono, foram amplamente discutidos no I Encontro Interinstitucional de Integração Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF), realizado nos municípios de Balsas e São Raimundo das Mangabeiras, com a participação de técnicos da Secretaria de Estado da Agricultura, Pecuária e Pesca (Sagrima).

O evento, realizado na semana passada, também reuniu representantes da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Fundação de Apoio à Pesquisa do Corredor de Exportação Norte (Fapcen), Federação da Agricultura do Estado do Maranhão (Faema), Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e de outras entidades.

O sistema de integração lavoura, pecuária e floresta, uma modalidade da chamada agricultura de baixo carbono, estabelecida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) como uma das metas para o setor produtivo do país, vem sendo desenvolvido no Maranhão.

Propriedades que já usam o iLPF estão localizadas em São Raimundo das Mangabeiras, Fortaleza dos Nogueiras, Sambaíba, Balsas, Colinas, Presidente Dutra, São Domingos do Maranhão e Brejo, onde a Embrapa mantém sete unidades de referência tecnológica (URT) e unidades demonstrativas (UD).

Novidade - As experiências estão sendo acompanhadas pela Embrapa, que promoveu o seminário para discutir a implantação do novo sistema em mais municípios do estado.

"É uma alternativa positiva em todos os sentidos de análise. Para os produtores, aumentam as possibilidades de rentabilidade de suas propriedades, agregando novas atividades. Para o meio ambiente, traz um uso mais racional e sustentável, já que o revezamento de atividades permite que o solo descanse nos períodos intercalados de lavoura, floresta e pecuária. E o estado ganha novas oportunidades de emprego e mais geração de renda para a população, fazendo movimentar sua economia", garantiu o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca, Cláudio Azevedo

O secretário disse que a Sagrima vai estimular a adoção do sistema entre os produtores rurais maranhenses sempre que tiver oportunidade.

O chefe-geral da Embrapa Cocais, Valdemício Sousa, disse que a instituição está disposta a multiplicar o repasse da nova tecnologia a mais produtores, e anunciou a criação de um comitê gestor para difusão do sistema iLPF no estado.

"Esse comitê fomentará a consolidação de sistemas de integração em várias regiões do estado", explicou Valdemício Sousa. O novo comitê será presidido pela Sagrima, com a participação do Mapa, dos bancos do Nordeste (BNB), do Brasil (BB) e da Amazônia (Basa), além da Federação da Agricultura e Pecuária do Maranhão (Faema), Associação em Áreas de Assentamento no Estado do Maranhão (Assema), Sebrae, Fapcen e Embrapa.

Eucalipto - As chamadas florestas produtivas, usadas principalmente pelas indústrias siderúrgicas - para a produção de ferro-gusa e de celulose - para produção de papel, vêm ganhando cada vez mais adeptos no estado.

A imagem de centenas de hectares plantados apenas com eucaliptos já não é mais exclusividade. Outras espécies têm sido usadas para formar florestas produtivas.

A Acacia mangium willd ou acácia australiana é um exemplo e vem sendo cultivada com destaque nos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia. Abastecem os mercados consumidores de papel e celulose, carvão vegetal, forragem animal e madeira para construção ou produção de móveis.

Segundo estudos da Embrapa, a espécie cresce cerca de 6 m por ano, podendo chegar a 45 m de altura e 1,10 m de diâmetro. Além disso, traz benefícios ao solo como fertilização, estabilização e acúmulo de nitrogênio - chega a fixar até 500 kg por hectare/ano do gás.

A acácia ainda fixa 26,3 toneladas/hectare/ano de gás carbônico (CO2) e pode ser plantada em solos pobres e degradados, com fácil adaptação a solos ácidos e com baixa fertilidade e teor de fósforo. Mesmo assim consegue produzir até 63 m³ hectare/ano de madeira.

Na Fazenda São João, em Fortaleza dos Nogueiras, por exemplo, as mudas plantadas há pouco mais de um ano, mesmo enfrentando quase quatro meses de seca e recebendo água apenas de chuva, já alcançam três metros de altura.


- Em junho do ano passado, o Mapa instituiu o Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e o estabeleceu como uma de suas prioridades para destinação de recursos para o setor produtivo nos próximos anos.

- A medida pretende aliar produção de alimentos e bioenergia com redução dos gases de efeito estufa, e é uma resposta do governo brasileiro ao apelo da Organização das Nações Unidas (ONU) para que os países busquem soluções sustentáveis para aumentar a produção de alimentos, de forma a saciar a fome dos 9 bilhões de habitantes que o planeta abrigará em 2050.

- A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) estima em US$ 30 bilhões anuais o volume de investimentos nos próximos anos para alcançar essa meta.

Fonte: Portal do Maranhão

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