quarta-feira, 4 de maio de 2011

CAPRINOS TRANSGÊNICOS NO CEARÁ


Nascem os primeiros filhos dos

Caprinos Transgênicos produzidos

Na UECE



Professor Vicente Freitas


experiência com caprinos transgênicos foi repetida em 2007. Nasceram 23 crias, destas três têm transgene

Fortaleza. Exame de DNA comprovou a presença do transgene em três cabritos no Ceará, um casal da raça Canindé e um macho da raça Saanen natimorto, o que mantém o ineditismo da conquista científica no Continente e coloca o Brasil no seleto grupo de países que dominam esta técnica. A primeira experiência foi realizada em 2006, mas o animal morreu por infecção. Foi repetida em 2007 e, em março deste ano, nasceram 23 crias em Fortaleza.

A geração do primeiro caprino transgênico da América Latina foi obtida no Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução (LFCR) da Universidade Estadual do Ceará (Uece). Liderada pelo professor Vicente Freitas, a pesquisa teve a parceria de Antônio Carlos Campos de Carvalho, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e dos pesquisadores Irina Serova e Lyudmila Andreeva, da Academia de Ciências da Rússia.

Detecção

O exame que fez a detecção dos transgênicos foi realizado no próprio laboratório da Uece, em atividade liderada por Luciana Melo, pesquisadora do LFCR no termociclador adquirido pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Educação Superior (Secitece).

Para confirmação do resultado, as amostras das orelhas dos 23 cabritos, nascidos entre os dias 10 a 20 de março de 2007, foram enviadas para o Laboratório de Animais Transgênicos da UFRJ para que fosse realizada a contraprova.

“Neste momento houve a confirmação dos resultados verificados na Uece, confirmando a transgenia em três animais”, disse Vicente Freitas.

Método

Segundo ele, a transgenia foi obtida pelo método de microinjeção pró-nuclear da construção de DNA. “A vantagem de ter nascido um casal de animais transgênicos é que podemos multiplicar os cabritos de forma mais rápida. O resultado não podia ser melhor”, afirma o professor.

Este é o resultado da pesquisa “Caprinos Transgênicos como Biorreatores para Produção de Fármacos de Interesse em Saúde Humana”.

A pesquisa visa obter uma cabra que produza na sua glândula mamária, no leite, uma proteína para produção de medicamento de interesse em medicina humana, o hG-CSF (Fator Estimulante de Colônias de Granulócitos humano), que é utilizado em vários casos de imunodeficiência.

O secretário de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Luiz Antônio Barreto de Castro, presidente do Conselho Diretor da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio), disse que a pesquisa vem sendo apoiada há três anos.

Financiamento

Este foi o segundo projeto financiado pelo Renorbio com R$ 1 milhão. Mais R$ 3 milhões para a continuação do projeto estão em negociação no BNDES pelo MCT para os próximos três anos, informou o secretário.

Dos cabritos nascidos, 13 são machos e 10 fêmeas; cinco são da raça Saanen, de origem suíça, exótica no Nordeste, e 18 são da espécie Canindé, animais rústicos, nativos do Nordeste do Brasil.

De acordo com Vicente Freitas, houve surpresa na forma positiva como a raça Canindé reagiu ao experimento.

“Decidimos pela raça Canindé porque é uma raça em vias de extinção e portanto iríamos contribuir com sua preservação ao mostrarmos que a mesma responde de maneira positiva às técnicas de produção de transgênicos”, informou o pesquisador Freitas.

Ainda segundo ele, “além disso, estes animais têm baixo preço de manutenção e de aquisição em relação aos animais da raça Saanen”, compara o professor. “Além de vermos a superioridade da raça Canindé, muito mais saudáveis do que os da raça Saanen, entre os animais nativos não houve nenhuma mortalidade pós-natal”, disse ele.

Importância

O pesquisador Vicente Freitas destaca a importância de ter gerado o caprino transgênico na rede estadual de ensino e pesquisa do Estado do Ceará.

“A equipe demonstrou que, com incentivo, conseguiu resultado inédito e extremamente importante, não ficando nada a dever às equipes internacionais que, em sua maioria, são empresas privadas norte-americanas e canadenses”, afirma o professor.

PARCERIA

Unifor integra pesquisa de produção de leite

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de Castro, secretário do Ministério da Ciência e Tecnologia, e Renato Moreira, pesquisador da Unifor

Fortaleza. O leite longa-vida produzido por cabras transgênicas, que na ordenha sairá com a proteína lisozima de combate à diarréia infantil, com vacinas, micronutrientes e ação contra bactérias, será desenvolvido no Ceará. O projeto reúne pesquisadores da Universidade de Fortaleza (Unifor), Universidade Estadual do Ceará (Uece), Embrapa, Universidade Federal do Ceará (UFC), Universidade da Califórnia e Banco do Brasil. O tema foi apresentado no mês passado, na Unifor, no workshop “Biotecnologia de caprinos como ferramenta para o desenvolvimento social e econômica do Nordeste”.

Está sendo buscada aplicação do estudo no campo produtivo, com o fortalecimento de uma rede de ovinocaprinocultura na região, que conta com o apoio do Banco do Brasil e do Grupo Edson Queiroz. O Grupo vai participar com a estrutura de três fazendas (duas no Ceará e uma no Piauí), um frigorífico e 5.679 animais (sendo 2.250 ovinos e 3.429 caprinos). A contrapartida foi orçada em R$ 7,5 milhões. “As matrizes que serão melhoradas serão fornecidas pelo Grupo Edson Queiroz”, disse o pesquisador da Unifor, Renato de Azevedo Moreira. A Unifor vai fazer pesquisa para isolar componentes que serão produzidos pelos animais, a lisozima, e montará o protocolo de isolamento. Fará, também, estudos para o aproveitamento da carne, leite e derivados. Segundo Moreira, a Unifor pretende desenvolver também o queijo probiótico.

O secretário de Pesquisa e Desenvolvimento do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), Luiz Antônio Barreto de Castro, informou que foram aprovados pelos fundos setoriais R$ 20 milhões para o projeto integrante da Rede Nordeste de Biotecnologia (Renorbio) – R$ 4 milhões por ano até 2012. A pesquisa visa a produção de imunocompostos naturais humanos expressos pelo leite de caprinos transgênicos para a área farmacêutica e para a neutralização de microorganismos enteropatogênicos com impacto na redução da diarréia e mortalidade infantil na região do semi-árido brasileiro.

O projeto é apoiado na pesquisa de Vicente Freitas, da Uece, para obtenção do caprino transgênico pelo método de microinjeção pró-nuclear e inovulação em receptoras. O estudo busca a obtenção de uma cabra que produza na sua glândula mamária, no leite, uma proteína para produção de medicamento de interesse em medicina humana, a hG-CSF (Fator Estimulante de Colônias de Granulócitos humano).

O Brasil importa hG-CSF — 300mg do medicamento custa cerca de US$ 100. Segundo Vicente Freitas, a proteína é utilizada em casos de imunodeficiência, na recuperação de pacientes após quimioterapia e transplante de medula óssea e para mobilizar células tronco para as áreas de infarto do miocárdio. No experimento, foram superovuladas cabras doadoras e colhidos os seus embriões. Os embriões foram microinjetados com a proteína hG-CSF e transferidos para cabras receptoras.

O projeto visa expressar lisozima e outras substância (também o estudo do genoma do caprino) e pretende implementar certificação dos produtos obtidos num Centro de Tecnologia de Alimentos. “Só se conhece grande parte do genoma de bovino, pouco de ovinos e quase nada de caprinos”, disse Evandro Holanda, da Embrapa Caprinos. A determinação do genoma será feita pelo Núcleo de Biotecnologia que compartilha competências da UVA, UFC e Embrapa Caprinos.

VANTAGEM

"A vantagem de um casal de animais transgênicos é que se pode multiplicar os cabritos mais rápido"
Vicente Freitas
Líder da pesquisa

Mais informações:
Coordenação geral do programa de pós-graduação em biotecnologia de Uece
(85) 3101.9645
plenz@renorbio.org.br

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