quarta-feira, 4 de maio de 2011

PÍLULA DO 'CHEIRO'

NA U.F.C. É ASSIM SÓ ANDA FEDORENTO
QUEM QUISER

Dentro de pouco tempo só terá problemas com desodorante vencido quem quiser. Qualquer um poderá exalar perfume por todos os poros. A promessa vem do Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará (Padetec), que desenvolveu um produto para as pessoas se perfumarem: cápsulas de óleos essenciais de plantas aromáticas para serem ingeridas. A novidade foi apresentada no 2.° Fórum e Salão de Inovação, organizado pelo Ministério da C&T em SP. O novo produto já foi patenteado e deverá chegar ao mercado em seis meses. 'Vamos encaminhar para a análise da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para que possamos comercializar as cápsulas', explica o químico Afrânio Craveiro, superintendente do Padetec e idealizador da pílula perfumada. Em 2005 Afrânio Aragão Craveiro, superintendente do Parque de Desenvolvimento Tecnológico do Ceará (Padetec), recebeu troféu de melhor Instituição de C&T.

Um produto similar já foi aprovado nos EUA, por isso acreditamos que o nosso também será liberado.' A Anvisa dirá se o produto será classificado como remédio, cosmético ou alimento funcional - alimentos com microelementos que ajudam a prevenir ou curar doenças, como o leite com ômega 3. Vai definir também se há necessidade de testes clínicos. Craveiro diz que a idéia de criar as cápsulas veio da notícia sobre o similar americano. As pesquisas começaram há dez meses. A primeira planta escolhida para fornecer a essência para as cápsulas foi o coentro, o mesmo usado como tempero. Essa planta produz uma essência com o mesmo perfume da lavanda. 'A essência do coentro não lembra em nada aquele cheiro característico de salada e cozinha que estamos acostumados a sentir', diz a química Tecia Carvalho, que participa do projeto.

Segundo Tecia, a essência é retirada da planta - por meio de uma técnica que separa seus óleos essenciais com o uso de vapor d'água -, solidificada e agregada à quitosana, uma fibra natural feita a partir da casca de camarão. O resultado é um pó, que depois é colocado em cápsulas comuns, dessas usadas em vários medicamentos. A pessoa deve tomar duas todos os dias. Assim como ocorre com quem ingere vitaminas do complexo B para repelir mosquitos, o perfume começa a ser exalado a partir do terceiro dia, efeito que permanece enquanto persistir o consumo. Segundo Craveiro, pesou na escolha do coentro o fato de ele ser comestível e não se ter notícia de contra-indicações. Apesar disso, o presidente da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunopatologia, Walfrido Antunes, alerta para o risco da utilização da quitosana. 'Há uma porcentagem da população que é alérgica a camarão e deve evitar o seu consumo', diz. Craveiro concorda. 'Recomendamos aos alérgicos a camarão que não consumam as cápsulas.' De qualquer forma, ele garante que o produto não será vendido sem as garantias e a licença da Anvisa.

A ptente PI 9902912 refere-se ao USO DE MICROESFERAS DE QUITOSANA NO ENCAPSULAMENTO DE SUBSTANCIAS E PREPARAÇÃO DE FITOTERÁPICOS. A presente invenção refere-se a preparação de microesferas utilizando quitosana e seus derivados como agentes de microencapsulamento de substâncias farmacológicamente ativas e extratos vegetais para uso na preparação de fitoterápicos e em liberação controlada de substâncias. As propriedades deste biopolímero permitem a formação de micro ou nanoesferas conjugadas com compostos ou extratos vegetais permitindo a preparação de fitoterápicos em nova formulação evitando vários problemas associados com as formulações tradicionais e incorporando as vantagens associadas ao uso da quitosana que incluem propriedades antibacteriana e antifungica e até mesmo aumento na eficiência da absorção no caso de produtos cosméticos para a pele ou cabelo. Outra grande vantagem do uso de microesferas se deve ao fato destas permitirem a liberação controlada ao mesmo tempo em aumentam a eficiência e a absorção do compostos ativos que estão incorporados no interior das mesmas.

A ciência brasileira cresceu rapidamente e amadureceu, nos últimos vinte anos, e agora prepara-se para colocar o conhecimento científico acumulado nesse período a serviço do desenvolvimento tecnológico. “Hoje, o grande desafio é unir a universidade à indústria”, disse o professor Afrânio Aragão Craveiro, da Universidade Federal do Ceará, em entrevista à Rádio Nacional. Um dos muitos nomes que vêm se destacando nessa nova fase da ciência brasileira, Craveiro é reconhecido no Brasil e no exterior por suas pesquisas com a quitosana — uma fibra retirada da cabeça do camarão e da lagosta. Seu trabalho de Craveiro mostra que a pesquisa brasileira quase sempre se destaca quando busca inspiração na realidade do País.

Com cerca de 120 pesquisas científicas, cerca de 20 patentes depositadas no INPI e artigos publicados, Craveiro acha difícil apontar um único trabalho como o mais importante. “Algumas pesquisas que nós consideramos relevantes, por exemplo, são as que nós realizamos com a quitosana que é uma fibra retirada da cabeça do camarão e da lagosta, aqui no Ceará. Essa é uma pesquisa extremamente importante porque é regional e contribui para o desenvolvimento regional. É uma pesquisa que agrega valor a um subproduto da caatinicultura. Com ela, o grupo do Ceará se destaca no mundo, como um dos pioneiros nesse campo”.

A quitosana é um grande achado: pode ser utilizadas em um número muito grande de aplicações, uma delas é o controle da obesidade. No Brasil ela é comercializada para as pessoas que querem perder peso. “Utiliza-se a quitosana pelo fato de ela ter afinidade com a gordura, e elimina essa gordura armazenada no organismo”, explica o cientista. Fora do Brasil, a quitosana é extremamente utilizada na Ásia, no Japão, na China, na Coréia e nos Estados Unidos. Craveiro conta que, além de eliminar gordura, ela tem propriedades impressionantes, algumas delas pesquisadas no Brasil, diz ele. “Fabricamos células foto-voltaicas nas quais a quitosana entra como suporte. Também estamos utilizando bandagens anti-hemorrágicas com a quitosana. Nós podemos fazer a purificação, em mares contaminados com o petróleo, utilizando a quitosana. Ela tem uma centenas de aplicações”.

Criado em 1990 e inaugurado em 5 de junho de 1991, o Padetec surgiu com o intuito de ser uma incubadora de empresas de base tecnológica. De acordo com Afrânio Aragão Craveiro, pesquisador e superintendente geral do Padetec, para alcançar seus objetivos, foi preciso driblar muitos desafios na sua criação. “Começando com as suas instalações, que foram desenvolvidas a partir de um antigo projeto abandonado, onde seria fundada a Faculdade de Odontologia da Universidade Federal”. Atualmente, o Padetec é um dos mais modernos centros de pesquisa do país, constituído de laboratórios, central analítica e instalações, voltadas, principalmente, para as áreas de química fina, fármacos e alimentos, sendo que a química de produtos naturais foi a área que motivou sua criação. Eletrônica, mecânica fina, suplementos alimentares, cosmética, compósitos, fitoterápicos e energia alternativa também fazem parte das áreas pesquisadas em todos esses anos de fundação. De acordo com Aragão, a prova do reconhecimento é que, entre as 40 empresas incluídas no livro “Brasil Inovador”, da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), no início deste ano, cinco estão no Nordeste e três no Ceará, sendo duas - a Nuteral e a Polymar - já incubadas no Padetec.

A Polymar Ind. Com. Imp. e Exp. Ltda é uma empresa de base tecnológica criada e incubada no Parque de Desenvolvimento Tecnológico - PADETEC na Universidade Federal do Ceará em janeiro de 1997. A empresa é especializada na produção de biopolímeros obtidos a partir de carapaças de crustáceos (camarão, lagosta e caranguejo) com tecnologia patenteata no INPI. Os dois principais polímeros naturais produzidos são a Quitina e a Quitosana.A partir desses biopolímeros, a empresa desenvolveu uma linha de derivados de alto valor agregado e importantes aplicações. Dentre os derivados desenvolvidos destacam-se: O sulfato de glicosamina, o cloridrato de glicosamina, oligossacarídeos da quitosana, assim como diversos tipos de géis e membranas de quitosana pura ou com componentes incorporados. Dentro do período de incubação no PADETEC a empresa desenvolveu ainda a tecnologia para o aproveitamento integral da matéria-prima utilizada, fazendo estudos para obtenção de proteínas para ração animal, corantes naturais para a indústria de alimentos e cloreto de cálcio para a indústria química.

No início de 1998, com objetivo de agregar novas tecnologias e produtos, bem como expandir seu mercado consumidor, a Polymar criou sua sede no exterior, instalada em Miami-Florida nos estados unidos, denominada Polymar Marine Inc. Em junho de 1999, a Polymar ganhou o prêmio Nacional IEL/ SEBRAE/ CNPq de Apoio às Micro e Pequenas Empresas com solenidade de entrega em Brasília-DF. O prêmio foi concedido à empresa pelo processo de reutilização do hidróxido de sódio utilizado na produção de Quitina e Quitosana, tornando o processo ecologicamente correto. Atualmente, a Polymar atinge todo o mercado nacional e exporta seus produtos para os EUA, Europa e países do Mercosul.A Polymar Ind. e Com. Imp Exp. Ltda conta com 30 funcionários no setor de produção e vendas e 12 na área de pesquisa e desenvolvimento. No setor de suplementos alimentares e alimentos funcionais a Polymar possui uma linha de produtos desenvolvidos com a mais alta tecnologia e padrões de qualidade. Empresa formada por pesquisadores oriundos da Universidade Federal do Ceará, a empresa prima pelo desevolvimento de novos produtos de base tecnológica.

Fonte: http://www.jornaldaciencia.org.br/Detalhe.jsp?id=11880
acesso em fevereiro de 2004
http://www.padetec.ufc.br/novapagina/pesquisadores/afranio.php

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